29/07/2008

2.000 acessos.

Primeiro a gente pensa:

"Dois mil acessos... Uau."

Depois a gente questiona:

"Dois mil acessos... Quantos terão sido nossos?"

Enfim. Quero agradecer (creio que, em nome do grupo) a todos que ainda entram, e, quem diria, comentam neste humilde sítio.

Muito obrigado. E desculpem pela escassez de posts, mas férias deixa todo mundo moooole...

21/07/2008

Mãos dadas

Caminhava despretensiosamente, como sempre fazia. Passava por um bairro perigoso da cidade, mas não que corresse risco de ser assaltado, aliás, talvez tivesse sido melhor se fosse assaltado, ao invés do que acontecerá em alguns instantes. Ela morava a uma quadra dali, mas quase não saía de casa. Enquanto caminhava - sempre olhando para os pés - procurou algumas imagens daquela época (não muito remota) e por um momento se arrependeu de não ter aproveitado tudo o que deveria. Dois segundos depois, assoviou qualquer coisa dos Beatles e desviou a atenção do próprio andar pra ver se algum carro cruzava o seu futuro caminho.

Quando voltou a olhar pra frente - para logo depois retornar sua atenção aos próprios pés - lembrou-se de quando já fez esse mesmo trajeto tantas outras vezes acompanhado dela, e refletiu sobre o quanto mais feliz a gente fica ao andar de mãos dadas com quem se ama. Infelizmente, essa inútil reflexão que teria o potencial de ocupar uma tarde nos seus pensamentos não durou nem o tempo de alterar o maior dos ponteiros do relógio, pois ao olhar o rosto da menina que formava o casal à sua frente, do outro lado da rua, percebeu que ela era a mesma que há algum tempo atrás formava outro casal com outra pessoa, e que, se ainda não ficou explícito neste conto, essa pessoa a quem nos referimos era o nosso protagonista. Num curto espaço de tempo, pensou em sair correndo, em fingir amarrar os cadarços dos tênis, ou em colocar suas duas semanas no curso de teatro em prática, fingindo não conhecê-la. Ela sorriu ao vê-lo. Ele sorriu de volta. E agora não tinha mais escolha. Quando o sinal fechou para ambos, ele atravessou a rua, acenou e deixou escapar um sorriso. Ela sorriu mais uma vez, mas o puxou pelo braço quando viu que ele tentava escapar daquele reencontro inusitado.

- E aí, guri?
- Oi... Nossa, quanto tempo.
- Bah, como tu tá?
- Ah, tô aí... - não sabia se dizia que não fazia a menor idéia de como estava, e de que aquilo era extremamente absurdo, mas acabou por não dizer nada. Como sempre fazia.
- Ah, esse aqui é o Antônio.

Antônio nitidamente apertou a mão dela com mais força quando o cumprimentou, e por ser mais alto, demonstrava uma inevitável superioridade que deixava nosso personagem principal sem saída, como se fosse possível pensar em alguma naquele instante. Estava de cara fechada, e improvisava um olhar ameaçador que só não fez nosso protagonista esboçar uma risada, pois este já havia voltado a atenção para ela, numa tentativa desesperada de qualquer coisa que o tirasse daquela situação desconcertante:

- Bem... Eu vou indo, não posso chegar tarde em casa.
- Ok. Se cuida, tá? Qualquer dia a gente se fala. - a mão dela já apresentava certa vermelhidão naquele momento.

O sinal abrira novamente. Seguiram seus caminhos, um vindo de onde o outro voltava. Ela, de mãos dadas, ainda sorrindo, olhou para trás para um último aceno, mas ele já não estava mais ali. Não sabia onde estava naquele momento, mas sabia que não era agradável. Seguiu olhando para seus pés, agora mais rápido, pois era o melhor que tinha a fazer de qualquer jeito. Como sempre fazia. A propósito, também se lembrou de como ela não gostava que lhe apertassem a mão com força.