"Com a arma apontada na cabeça, não sabia o que dizer. Poderia pedir desculpas, mas para quê, talvez fugir, mas como? Pensou em rezar um pai-nosso. Como é que começa o pai-nosso mesmo? Não lembra. Não estou mais esperando pela morte, pensa ele. A morte já chegou. A morte me acompanha desde aquele dia. O coração parar de bater, o cérebro parar de funcionar, são só cerimônias. Estou morto desde aquele dia.
Toda a merda que veio ou possa vir depois não vai alterar nada em nada. Estou morto desde o começo, desde o nascimento. Todos estão, mas poucos sabem. A verdadeira morte é viver assim. Minhas culpas, fugas e rezas são inúteis. Estou apertando o gatilho. "
28/04/2008
Contos Múltiplos I - Final 2
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Fábio
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16/04/2008
Contos Múltiplos I - Final 1 - "Da negação"
O dia em que a vi cair em meus braços, gelada e linda como nunca antes estivera.
Não consigo mais esperar. Não aguento meu próprio cheiro, esse suor mal lavado que escorre na minha testa e quase desliza a arma da minha mão. Nojo de me ver no espelho. Nada mais importa.
Se ao menos ela soubesse como me arrependo."
A multidão se aproxima lentamente ao corpo esticado no carpete. Luzes estão acesas e uma música estranha paira no ar. Expressões de espanto e comoção dos sujeitos no local. No momento, três ou quatro deles lêem o papel rabiscado, deixado sobre a mesa.
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cintilante
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Contos múltiplos I - Início
Um começo, quantos finais? Nas próximas semanas, meus companheiros de blog terão que terminar esta história:
"Com a arma apontada na cabeça, não sabia o que dizer. Poderia pedir desculpas, mas para quê, talvez fugir, mas como? Pensou em rezar um pai-nosso. Como é que começa o pai-nosso mesmo? Não lembra. Não estou mais esperando pela morte, pensa ele. A morte já chegou. A morte me acompanha desde aquele dia. O coração parar de bater, o cérebro parar de funcionar, são só cerimônias. Estou morto desde aquele dia."
Preparar...apontar...
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Ricardo
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07/04/2008
Novo documento em branco
Procurava trilha sonora para o momento de solidão ideal. É importante construir esse cenário propositalmente triste, obviamente melancólico para escrever um bom texto, dizia ele para si mesmo entre goles de uísque barato, observando o movimento dos carros através da janela do sétimo andar. Gostava de escrever em 3ª pessoa. Deixou apenas a lâmpada do abajur acesa, próximo à escrivaninha, onde mantinha seu caderno com poucas linhas escritas aberto. A vida já não valia mais nada. Na estante ao lado, discos do Joy Division, Smiths, The Cure, Bauhaus. A vida realmente não valia mais nada. Ao invés de pôr um disco na vitrola, liga o rádio. A imprevisibilidade sempre lhe atraiu mais. Em uma determinada estação, o locutor anuncia "Jump", do Van Halen. As primeiras notas são suficientes para o escritor fazer uma varredura completa de toda sua vida. Trilha sonora muito propícia. Tão propícia que
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Ricardo
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