07/11/2007

O Preferido

Tinha que matá-lo. Todos os filhos-da-puta que passavam por aqui preferiam ele. Olhavam pra ele. Sentiam pena dele. Davam comida pra ele. Até mesmo sorriam para ele. Quando passavam por mim torciam o nariz. Parecia que estavam sentindo cheiro de bosta. Nem olhavam. Comida nem pensar. Só um dos dois poderia continuar. Por isso tinha que matá-lo.
Juro que não o odiava tanto quanto as pessoas que passavam. Os homens de terno. Falando difícil, pelo menos pra mim era difícil. Barbeados, cabelinho lambido. Jeito de quem engana todo mundo. Tinham cara de quem acabaria deputado. As mulheres sempre de salto. Roupinha combinando.Narizinho empinado. No fundo, eram todas putas. Mas já que eu não poderia matar os homens e as mulhres eu tinha que matar ele. E eu já estava cansado. Não aguentava mais roubar seus restos, quando havia restos. Eu não queria ficar abaixo dele. Queria que as pessoas me ajudassem em vez dele, que me olhassem como olhavam pra ele, só isso estava bom.Então matei. Foi numa noite de inverno. Eu estava passando um puta frio. Foi com uma pedra. Ele estava dormindo. Acho que nem sentiu. Ainda lembro daquele sangue gosmento escorrendo. Agora não tem mais cachorro nenhum, só eu.

*As críticas serão bem aceitas.

6 comentários:

munny disse...

haha
que babado hein.
fooorte ;**

Anônimo disse...

Ah, se tudo fosse feito pra fazer sentido...

Unknown disse...

Adorei a projeçaum do incomformismo próprio....que senti apenas necessidade de naum tornar-se responsável pelo k se tornou a sua vida....
bjos

cintilante disse...

finalmente o blogspot me concederá a honra de escrever algo.

na real
preciso dizer muito?

to virando fã!

alice disse...

muito bom.
gosmento.
cachorrento.

Anônimo disse...

Simplesmente BOM !