23/03/2008

Nada

Seus olhos brilhavam com a angústia opaca de quem não sabe mais como continuar. Naquele momento de dor, de desespero e de imaginação o grito soava silencioso e desnecessário. Já não importavam os ideais e todo o conhecimento adquirido pela leitura de milhares de páginas secas e repetitivas. O que procurava... a liberdade estava ali e tão subitamente aparecera... ela sabia que não duraria. O calor... não importava. Mathieu a descobrira morrendo em uma guerra inútil e sem sentido, a Segunda. Ela acabara de descobri-la em sua própria guerra, em seu momento final de calor e vazio. Tudo estava claro e não era somente a luz do fogo, era a lucidez, a resposta que buscara. Ser livre é estar vazia, com nada mais a encontrar. Agora, com os cabelos chamuscados, ela tinha a resposta e batera de frente com a liberdade. Em instantes, porém, as chamas não permitiriam que a mensagem se propagasse.

6 comentários:

Anônimo disse...

:~

Daniele C. disse...

as palavras deslizam na superfície dos meus olhos. se espalham e pulam pra dentro deles. é tão bom, nana...

cintilante disse...

triste e intenso.

Anônimo disse...

lindo, o mais lindo que eu já li da senhorita. o resto já foi dito aqui em cima.

Fábio disse...

Não sobrou nenhum comentário pra mim.Então minha falta de palavras diz tudo.

Carol'cut disse...

Ela ainda vai ser estudada em alguma cadeira de literatura sul-riograndense da UFRGS e da PUC! E eu vou dizer: "eu lia as coisas que ela escrevia lá nos blogs!"
MARAVILHOSA!