07/05/2008

Contos Multiplos I - Final 3

"Com a arma apontada na cabeça, não sabia o que dizer. Poderia pedir desculpas, mas para quê, talvez fugir, mas como? Pensou em rezar um pai-nosso. Como é que começa o pai-nosso mesmo? Não lembra. Não estou mais esperando pela morte, pensa ele. A morte já chegou. A morte me acompanha desde aquele dia. O coração parar de bater, o cérebro parar de funcionar, são só cerimônias. Estou morto desde aquele dia."

Apesar de se sentir morto, vazio, esse rito de morte não estava acompanhado de alívio, mas de uma outra sensação: o medo. Enquanto pensava em como agir, seu corpo, tomado pelo desespero, começava amolecer. Por mais que percebesse o resto de vida se esvaindo por seus poros e que soubesse que nada disso importava e que até merecia o cano gelado em sua fronte, procurava um grão de esperança. Antes que o encontrasse e que verbalizasse a idéia que lhe surgira naquele segundo, sentiu um estouro e sua cabeça encontrou o chão molhado e frio do banheiro.

5 comentários:

Anônimo disse...

caraca!
adorei... sério mesmo.

o melhor final, na minha opinião.
tão simples...
tão humano...

tá lindo.

quase chorei de emoção.

Anônimo disse...

opa... quis dizer "quase me emocionei".
mas nihil não se emociona.
(quanto mais chorar, oras)

cintilante disse...

ai minha alma... não arrepia-te assim, desse jeito; periga não mais voltar ao que era.

Anônimo disse...

tão simples...
tão humano...
tão Nana.

=)

Fábio disse...

Sempre penso nas grandes pessoas que conheci em Porto Alegre e a Nana está entre elas, quando eu crescer quero escrever que nem ela.