15/08/2008

Décimo quarto

Todas nós, hoje, pertencemos ao décimo quarto andar. Lá embaixo, a parede de mármore decorada com seis grandes e estreitos espelhos. Pelas nossas costas eles refletem as portas daquele elevador antigo e barulhento no qual adentramos com a certeza de ter deixado um último suspiro preso em algum daqueles espelhos. Segundo (quem diabos usa elevador somente para poupar uma subida de um lance de escadas?). Sétimo. Décimo quarto.
O andar carrega por si só um fastio inenarrável. É a certeza do início das dúvidas. A fantasia transformada em boicote às nossas realidades, o gelo na espinha movimentando-se de vértebra em vértebra até quê.
Décimo quarto, anuncia a ascensorista ansiosa por algo ou alguém que a tire daquele buraco feito de madeira e sustentado por fios de metal que, dia após dia, subiam e desciam com suas memórias felizes.
Saímos. Em uma passada discreta e sorrateira descubro que não só entrei por uma porta delicada de vidro, como encontro-me na lúcida sensação de já ter estado aqui.

Um comentário:

munny disse...

É minha irmã. Tem que ser! :D
ahsyufausyafsfafasa

quero ter textos assim quando crescer.