22/12/2007
À 2008, as batatas
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cintilante
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13/12/2007
Estrelas
Mais dois passos. O vento nem estava tão frio. Ele notou que as estrelas refletiam na água. Achou que isso era meloso demais para o momento.Resolveu tomar mais um gole da garrafa de vodka, depois do gole um cigarro. Eram só dois passos. Talvez aquele tenha sido o melhor cigarro da sua vida.Largou a garrafa e, ao lado, os cigarros e o isqueiro. Deu os dois passos e se jogou da ponte.
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Fábio
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09/12/2007
Sonho Hipócrita

A legalização do aborto também é algo forte. E importante. A população geral não vê pontos positivos nesta discussão sobre vida e morte, sonhos e riscos, querer e poder. Só vêem o feto - muitas vezes nem formado ainda - que não virá ao mundo, no "assassinato" de uma pessoa, sem falar na banalização que seria "legalizar a morte". Bobagem. Há coisas bem mais importantes a se questionar - não ter planejado a criança, não ter estrutura para recebê-la e criá-la, estar em um momento impróprio para ter um filho, não gostar de bebês, ou até questões mais sérias, como ser estuprada e nem imaginar como seria parir um ser daqueles (naquelas condições).
Os lados da moeda existem e, felizmente, cada vez mais mulheres - e também homens - defendem a idéia da escolha, da liberdade, da autonomia. Um filho pode ser (como tantas vezes é) um plano, um sonho para o futuro. Mas e se o futuro vira presente e os planos de agora são substituídos por uma criança indesejada? A mulher não é realmente obrigada a dar continuidade a algo que não deseja; é assim em tantos momentos de sua vida, não há argumentos suficientes paa ser assim neste ponto.
Resta o governo atual (ou o próximo, ou o próximo, ou o próximo ainda...) acabar com as frustradas discussões alheias de uma vez e decidir se a legalização sai ou não sai para o Brasil. Muita filosofia já cercou toda essa polêmica, muita besteira já foi falada, chega. Já é hora de acabar com os riscos que mulheres sem condições de ir em clínicas boas sofrem ao querer parar sua gravidez. Não é o sonho de toda mulher ter filhos, principalmente quando a transformação interior não é para o bem. Chega de hipocrisia.
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munny
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04/12/2007
(sem título)

Não admite o que se comprova
E nega o que compreende
Nada importa o que confessa
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Ricardo
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26/11/2007
Alice e a Flor
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Nana
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13/11/2007
Separação
- Carlos?
- Macedo! Nossa, que bom te ver, cara!
- Mas por onde você andava, Carlos? Nunca mais te vi por esses lados...
- Pois é, aconteceram alguns problemas...
- O quê, Carlos?
- Bobagem, Macedo...
- Não, fala. Pode falar, que foi?
- Não, deixa quieto, vamos tomar uma cerveja e relembrar o passado que vale mais a pena...
- Ih, Carlão... Vamos então, mas diz o que houve.
- ... Eu me separei, cara.
- Ah não!
- É... Anos de...
- Não, espera. Já sei tudo. Aquela vagab...
- Quê? Não, peraí...
- Peraí não, Carlão. Agora que vocês se separaram, eu já posso te contar. Afinal, somos amigos, né?
- Ô, desde o colégio.
- Então, Carlão! Vai por mim, ela não valia nada!
- Como assim? Você tá falando da minha...
- É, da tua ex! Esquece ela, Carlos. O que mais tem é mulher por aí, sobrando.
- Não, não é bem assim, Ma...
- Cedo ou tarde, ia acontecer, Carlos. As mulheres só pensam no dinheiro. E convenhamos, competir com o Almeida, diretor de empresa...
- O Almeida, meu vizinho?
- É, aquele da casa com piscina. Nossa, pensando bem foi bem melhor que vocês se separaram, a Claudinha e o Almeida se merecem.
- Mas a Claud...
- É, Carlos. É a vida. Se você quer a minha opinião, eu acredito que o amor foi inventado pelo Roberto Marinho pra ganhar dinheiro com novela.
- Acho que você não ent...
- É, o amor não existe. Não existe. Pode ter sido uma invenção da mídia fonográfica. O que mais tem aí é canção de amor. E de dor de corno então...
- Corno?
- Ah, Carlos, nós somos amigos de longa data, e agora que vocês não estão mais juntos eu precisava te dizer o que metade da rua já sabia e a outra metade desconfiava.
- ...Oi?
- Oi, Carlos. Senta. Garçom, uma cerveja. Que foi, que você tá me olhando com essa cara, Carlos?
- Fala.
- O quê? Do Almeida?
- Que que tem o Almeida?
- É, quando a firma de vocês trocou de escritório e alugou uma sala longe do Centro.
- Sei.
- Então... você chegava mais tarde em casa, e o Almeida...bom, você sabe o resto.
- Eu não sei.
- É, eu sei que é difícil aceitar, Carlos, mas era verdade. A Claudinha não vale nada. Como você demorava mais pra chegar em casa, ela tinha mais tempo...digamos, disponível. Aliás, são 4 da tarde... Não era pra você estar com o seu sócio lá na firma?
- Macedo.
- Quê?
- Eu me separei do meu sócio, cara.
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Ricardo
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07/11/2007
O Preferido
Tinha que matá-lo. Todos os filhos-da-puta que passavam por aqui preferiam ele. Olhavam pra ele. Sentiam pena dele. Davam comida pra ele. Até mesmo sorriam para ele. Quando passavam por mim torciam o nariz. Parecia que estavam sentindo cheiro de bosta. Nem olhavam. Comida nem pensar. Só um dos dois poderia continuar. Por isso tinha que matá-lo.
Juro que não o odiava tanto quanto as pessoas que passavam. Os homens de terno. Falando difícil, pelo menos pra mim era difícil. Barbeados, cabelinho lambido. Jeito de quem engana todo mundo. Tinham cara de quem acabaria deputado. As mulheres sempre de salto. Roupinha combinando.Narizinho empinado. No fundo, eram todas putas. Mas já que eu não poderia matar os homens e as mulhres eu tinha que matar ele. E eu já estava cansado. Não aguentava mais roubar seus restos, quando havia restos. Eu não queria ficar abaixo dele. Queria que as pessoas me ajudassem em vez dele, que me olhassem como olhavam pra ele, só isso estava bom.Então matei. Foi numa noite de inverno. Eu estava passando um puta frio. Foi com uma pedra. Ele estava dormindo. Acho que nem sentiu. Ainda lembro daquele sangue gosmento escorrendo. Agora não tem mais cachorro nenhum, só eu.
*As críticas serão bem aceitas.
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Fábio
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02/11/2007
Ponto-final da Vida*
De maneira geral, as pessoas não se suportam, atualmente; basta notar que a maioria delas utiliza fones de ouvido em seu percurso casa-universidade, universidade-trabalho, enfim. E tudo isso, todo esse problema de socialização, ocorre por que não se usa tanto o recurso do ponto-final quanto deveria. Passa-se *horas* tentando dizer algo que, com o poderoso ponto, diria-se em minutos, assim, resumidamente. Ele nos diz em uma frase o que diríamos em parágrafos. Em pelo menos três deles.
Nos textos escritos, a falta do ponto-final causa problemas seríssimos de incompreensão no leitor. Histórias que são escritas em quatro ou cinco parágrafos e que se dá para contar nos dedos de uma mão os pontos bem utilizados. E como o leitor fica? Não fica. Não entende. Ou melhor: esquece o texto em dois tempos.
Nos textos falados, a situação pode piorar. As mais diversas brigas e discussões poderiam ser evitadas se tivesse-se um ponto de referência geral – o ponto-final da vida. Diga o que você quiser realmente dizer em uma frase apenas [ponto]. Não enrole [ponto]. Não subestime a atenção alheia, seu namorado vai compreender sua fala de três palavras [ponto]. Ponto pra vida! “Dois pontos”.
Então, que se dê a atenção merecida aos pontos-finais das frases da vida. Talvez o ponto não seja necessariamente um final, mas sim o início de uma fase menos subjetiva e impessoal. Nos textos e relacionamentos, pontos. Ponto.
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munny
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31/10/2007
Sentido
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Nana
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25/10/2007
Um conto mofado* ou Sobraram dedos
*como os morangos, de Caio F.
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22/10/2007
Engano
Acordou e fez um café. Morava sozinho havia dois meses e ainda não se acostumara com a solidão obrigatória, que o deixava sem saída. Ligou a tv, e depois o computador. Colocou o Chico Buarque pra cantar na vitrola e desligou a tv. Olhou pela janela, observou o movimento dos carros e quase jogou o café que bebia de volta na xícara, tamanho o susto que levou quando a viu na frente da casa dele, num telefone público. Ela olhava pra cima, tentando encontrar alguém, e ele desconfiava de que esse alguém estava olhando pra ela, nesse exato momento, de pijamas, xícara de café na mão, com fundo musical de Chico Buarque. "Será que ela quer falar comigo? Não, deve ser coincidência...", ele pensava. Mas parou de pensar, porque quando o telefone começou a tocar, sua xícara quase caiu no chão.
Deixou o café sobre a mesa, tirou a agulha do Chico e ficou encarando o telefone. Correu pra janela, lá estava ela. Olhando pra cima. Ele olhou pro relógio, depois pro telefone, depois pra xícara de café sobre a mesa. Bebeu o último gole, desligou o computador, uma rápida olhada pela janela e foi dormir de novo."Não, não deve ser..."
3 andares abaixo, ela desistia.
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Ricardo
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